SibratecNano

PESQUISADORES DO CEARÁ DESENVOLVEM SANEANTE DE ALTA EFICIÊNCIA

Produto desenvolvido a partir de nanopartículas poderá ser utilizado em ambientes hospitalares no combate a superbactérias

(Foto: Ribamar Neto/UFC)

Um saneante de alta eficiência, desenvolvido a partir de nanopartículas para ser utilizado em unidades hospitalares no combate a superbactérias. Esse é o produto que está sendo desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Materiais Funcionais Avançados (LaMFA), do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordenado pelo professor Odair Pastor Ferreira, o projeto nasceu de uma demanda da empresa cearense Tecnoquímica Indústria e Comércio, e em outubro está saindo do laboratório para ser testado em escala pré-piloto.

“Basicamente, nos saneantes convencionais, os microorganismos podem se tornar resistentes, dando origem, por exemplo, às super bactérias. O que estamos propondo nesse produto é um mecanismo diferenciado que evite essa super resistência. Os estudos iniciais mostraram isso e esperamos confirmar essa eficiência na escala piloto”, ressalta Ferreira. Segundo ele, a pesquisa foi realizada ao longo dos últimos dois anos, por uma equipe de 10 pessoas e contou a participação do professor Amauri Jardim de Paula.

Na fase laboratorial, foram realizados testes in vitro com o uso de nanopartículas metálicas em saneantes, trabalhando em quantidades que vão de 100 ml até 1 litro do produto. A equipe conseguiu a parte mais difícil do desenvolvimento do produto, que é estabilizar as nanopartículas. Os resultados prévios mostraram que a fórmula desenvolvida é eficiente para um amplo espectro de microorganismos. “Nessa fase o produto não é aplicado em ambiente real”, esclarece Ferreira.

Escala pré-piloto

Concluída a etapa no laboratório, a empresa e a equipe de pesquisa querem levar o projeto para escala industrial. A previsão é que esse trabalho comece a partir do próximo mês de outubro e dure 18 meses. Nessa fase pré-piloto, o grupo, explica o coordenador do projeto, deve aprofundar os testes ampliando o espectro de microorganismos. Depois, deve desenvolver um produto-piloto, avaliando se as características do produto se mantêm com a produção em larga escala. “Só depois dessa etapa é que poderemos fazer uma estimativa de quando o produto estará no mercado”, pondera Ferreira.

Nesse ponto, é necessário considerar também os aspectos econômicos. De nada adianta, diz o professor Ferreira, ter o melhor produto se o custo de produção não puder ser absorvido pelo mercado. “Vamos tirar todas as dúvidas sobre custo de processo e de matéria prima. Essa etapa é tão importante quanto a laboratorial, pois além de confirmar a parte técnica, vamos testar a eficiência e avaliar todas as questões econômicas. Chegar ao mercado depende de uma série de parâmetros”, avalia.

De acordo com professor Ferreira que é químico pela Universidade Estadual de Maringá, a etapa pré-piloto é muito importante. “A partir desse momento vamos usar matéria prima industrial e não mais laboratorial (PA), queremos chegar a testes com até 500 litros do produto. O próximo passo será entregar esse material para um laboratório credenciado da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – para aplicar o protocolo dessa Agência, para saneantes, e queremos atingir o máximo dessa classificação”, enfatiza.

Universidade-empresa

A equipe do LaMFA irá receber R$ 300 mil ao longo desses 18 meses para realizar essa etapa do desenvolvimento do produto. A empresa Tecnoquímica entrará com 10% de contrapartida. Os recursos são do Sistema Brasileiro de Tecnologia em Nanotecnologia (Sibratec-SisNano), programa de inovação na área de nanomateriais e nanodispositivos que opera através da Financiadora de Recursos de Projetos (Finep) do do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).

O professor Ferreira, que já atuou no setor privado como pesquisador e coordenador de Pesquisas e Desenvolvimento, tem experiência em projetos que contam com a interação Universidade-Empresa, pois participou de processos de transferência de tecnologia. Ele possui cinco patentes depositadas, das quais duas foram licenciadas, resultando em produtos de base nanotecnológica lançados ao mercado.

“Esta relação (entre Academia e setor privado) é muito importante. Porque quem faz a inovação é a empresa. É ela quem conhece as demandas do mercado. A Universidade contribui para essa inovação. De que forma? Com o conhecimento específico de seus pesquisadores”, afirma.

Atualmente, a UFC e a empresa estão negociando os termos do convênio – que deve gerar depósito de patente e, consequentemente, royalties a partir do momento da comercialização – para levar a cabo o desenvolvimento do produto.

Fonte: NossaCiência

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